Na sociedade disciplinar, a escola
pedagogiza pela vigilância, da norma e
do exame exercidos sobre cada aluno, tomado em sua individualidade. Assim, o
tipo de saber pedagógico dispõe cada indivíduo como objeto de análise e de
correção, o que evidencia um certo tipo de poder, peculiar às sociedades
ocidentais que se desenvolveram sob a injunção do capitalismo, da Urbanização, das medidas de saúde sobre as
populações. A sociedade disciplinar demanda ainda, para completar o quadro, certos
tipos de saber, o do técnico, o do especialista na área, que é veiculado por
certo tipo de discurso, o da eficiência, da norma, sempre respaldado pelo fator
“científico”, isto é, o lugar institucional de onde ele pode falar é o lugar que
nossa sociedade tem reservado à ciência, como autoridade máxima e como modelo e
padrão pelo qual as demais atividades e práticas devem se guiar. A força de
autoridade de um discurso baseado nos testes, na prova, na medida, aquilo que
Foucault chamou de extração de verdade e circulação de discurso de verdade,
sustentam e permitem a implantação de um discurso pedagógico no interior e no
exterior do espaço escolar. A “pedagogização” do ensino na sociedade
disciplinar e autocrática que reproduz os padrões epistemológicos do modelo
representacionista, visa a comensuração, a verdade objetiva da metodologia
única, que ensina uma ciência unidimensional, e que se baseia no exame, no
teste empírico, na vigilância, na normalização.
A crítica e o rompimento deste modelo
sugerem a possibilidade de construção de uma subjetividade nova numa escola que
leve em conta os desafios da modernidade, que possa servir de anteparo à
sociedade disciplinar,à tecnologização, à normalização, à massificação.
É preciso pensar logo em propostas
capazes de solucionar os problemas da educação e pensar, ao mesmo tempo, num
modo de educar que, sem perder de vista o papel da escola como lugar de
aprendizagem (profissões, ofícios, habilidades, excelência de ensino completo)
possa fazer da escola/educação a plataforma de mudanças, e a primeira mudança
decorrerá de análises históricas de nossa realidade e pensar no tipo de saber
que desejamos para nós educadores. Evitar que o discurso técnico penetre o
desejo dos homens de pensar com sua própria cabeça, andar com seu próprios pés,
ou seja, aquilo que Kant mostrou ser imprescindível: homens educados, livres de
tutela, exercendo o discurso publicamente, portanto, criteriosamente.
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ResponderExcluirA escola de hoje tem que aprender a conviver com as diferenças, sejam elas culturais, emocionais, éticas, religiosas, ideológicas e etc. e por que não aprender a conviver com as diferenças sobre o saber. Cada pessoa traz para a escola uma bagagem de vida, experiências estas adquiridas em casa com a família, com os amigos na rua ou lugar de trabalho e hoje muito de aprende na televisão, por que não podemos utilizar estas fontes? A muito tempo deixamos de ser educadores, hoje somos mais é orientadores, pense nisto.
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